Crítica - Vampiros x The Bronx

Eu me amarro em filme de vampiro. Não sou lá grande fã de filmes de terror, mas vampiro é meu ponto fraco. Conheci minha esposa jogando um RPG de vampiro, tenho o livro Entrevista com o Vampiro autografado pela escritora Anne Rice, assisti a saga “Crepúsculo” e achei uma bosta. Pra mim vampiro é mau feito o pica-pau e é pra ser assim mesmo. Tem que ter sangue, dente pontudo, estaca, alho, crucifixo e pegar fogo no sol. Se tiver Chirstopher Lee, Gary Oldman ou Kate Beckinsale no elenco, já virei fã. Tem alguma coisa na mitologia dos vampiros que me agrada, talvez por meu nome ser Vlamir e eu ter nascido no mesmo 8 de Novembro que Bram Stoker (não exatamente no mesmo, uns cento e vinte e nove anos depois, mas é coincidência o bastante pra me divertir).

E dentre os lançamentos da semana na Netflix está mais um filmezinho maneiro sobre o tema. Lost Bronx opa, quer dizer Attack The Bronx, não, não, Bronxy, a Caça Vampiros, foi mal, na verdade, Vampiros x The Bronx é exatamente isso: uma mistureba de “Garotos Perdidos”, clássico absoluto dos anos 80, “Attack the Block”, filme que colocou John “Finn” Boyega no mapa, e “Buffy”, a cheerleader caça-vampiros mais fodona de Sunnydale.

No filme, quase um média metragem (uma hora e vinte e poucos minutos), “Little Mayor”, um guri bonzinho, daqueles que foi criado pelos vizinhos, que conhece todo mundo e é amigo de todo mundo, dos puliça aos maconheiros, dos tiozões às periguetes (sabe aquele que vai virar vereador quando crescer?), descobre que o Bronx foi invadido por um grupo de vampiros e, é óbvio, ninguém viu além dele e ninguém acredita nele. Ajudado por um grupo de amigos – um nerd fissurado em gibi e filmes de terror que usa camisas de bandas de heavy metal e um malandrilson que está prestes a virar bandidinho – Little Mayor vai encarar as forças das trevas para salvar a loja de conveniência onde sua galera costuma ficar de bobeira e, de lambuja, o bairro todo.

O filme tem de todo o que se possa imaginar pra agradar aos fãs de filme trash de sexta-feira de madrugada: efeito especial tosco, canino que cresce quando o vampiro “vira” vampiro e vai atacar alguém, monstro explodindo quando leva com uma estaca no peito à lá Buffy. Só não tem peitinho porque é indicado para 12 anos, mas, fora isso, a tosqueirice tá toda lá. Só que é tosqueirice padrão Netflix, ou seja, bem produzida, com cara limpa, fotografia correta, edição enxuta.

E aí a gente se pergunta se vale como filme Trash. E não, não é um filme Trash. Então é terrorzão maneiro? Éééé… também não porque o público é infanto-juvenil. Então é filme pra assistir com os sobrinhos depois da reprise de “Carros”? Também não exatamente, porque tem os maconheiros locais, tem mãe chamando o guri de punheteiro, tem várias coisas que vão dar dor de cabeça pra explicar. Se não é um nem outro, então o que é? E é aí que deu ruim. Não é um filme “de vampiro” nem no sentido dos seres imortais sedutores onde alguém crente que vai dar umazinha acaba com o pescoço rasgado, nem sangreria assustadora com tripas voando pela tela. O filme é um monte de referência legal, com uma leve sensação de que alguém queria ter filmado “Goonies”, com participação especial de Zoe Saldana e Method Man como o padre católico do bairro, trilha sonora regada a hip-hop e música latina de boa qualidade e vampiro “môstro” querendo invadir o bairro.

E é divertido se você gosta de todas essas coisas. Se não, então talvez seja melhor rever “Vampire Diaries” ou “30 dias de Noite”. É entretenimento rapidinho pra rir e levar um ou dois sustinhos bobos lembrando de seriado dos anos 90, mas nada além disso. Eu gostei, minha esposa também, e olha que somos dois esnobes que só gostamos de “alta vampirância” – leia-se, odiamos vampiros que viram purpurina ou disputam a mesma garota semi-gatinha da faculdade. Talvez exatamente por estarmos de saco cheio de mais de uma década com vampiros babaquaras por todos os lados, gostamos de ver cruz e água benta de volta à história, vai saber.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.