Garimpo Amazon Prime Video #11
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Apesar do Garimpo Amazon Prime da semana não ter um título, apenas a sequência de número 11, há um fio condutor – como sempre tento trazer – entre as três obras aqui listadas. O que liga cada uma das obras indicadas, dessa vez, é o humor, uma dose de drama e um tanto de mistério. Não a comédia típica de fazer gargalhar, mas um humor mesmo. Algo que está ali para trazer certa leveza a uma crítica mais velada, que não se pretende tão retumbante; mas que não deixa de ser contundente, apesar disso.
Todos vindos dos Estados Unidos, aqui colocamos três títulos que se diferenciam muito em sua pegada narrativa e em seus universos. Um tão estilo Agatha Christie, que surpreende ao não ter sido baseado em um livro dela; um que flerta mais com o suspense, apesar de também partilhar de algumas gags; e um que tende mais para um mundo distópico, que poderia não fazer sentido algum, caso você o buscasse (na verdade, nesse caso, sem sentido seria sua busca).
– Entre Facas e Segredos (Knives Out), de 2019, dirigido por Rian Johnson
Há pouco saído do cinema direto para a Amazon Prime, Entre Facas e Segredos é, como dito na presente introdução, aquele filme Agatha Christie total. Mas é tão Agatha Christie, que esperamos ver seu nome nos créditos – só que nunca aparece, por não ter sido baseado em qualquer obra dela. No entanto, aqui estão todos os seus elementos: um detetive super habilidoso, que escuta todos os envolvidos em um mistério que surge a partir de um corpo. Este corpo nada mais é do que o de um patriarca multimilionário de uma família dividida.
Diante disso, o inspetor Blanc (em divertida atuação de Daniel Craig) passa a ouvir cada um dos familiares para deduzir motivações, recriar passos e encontrar um possível responsável para o que aparentemente fora um crime. Lembrando muito o jogo de tabuleiro “Detetive”, o filme vai fazendo seu espectador passear por cada cômodo e personagem presentes naquele casarão, até que a possível verdade seja revelada pelo grande investigador.
Com um mistério leve e divertido, e os dramas pessoais de cada personagem (que resultam nas críticas do autor), temos um delicioso filme diante de nós.
– Um Pequeno Favor (A Simple Favor), de 2018, dirigido por Paul Feig
Emily (pela poderosa Blake Lively) é uma mulher elegante, com presença, de fato, poderosa só de olhar. Aparentemente, tem uma vida invejável e modelo a qualquer outro que, de fora, a contemple. Stephanie (Anna Kendrick) se aproxima dela, criando um laço de amizade. Com feição assustada, longe de ser tão imperativa quanto a amiga, Stephanie se deslumbra com o universo de Emily. Mas o que parecia ser uma admiração começa a tomar outros rumos quando ela desaparece e Stephanie tenta juntar as peças desse acontecimento.
Aos poucos, Stephanie vai invadindo o mundo de Emily, meio que se deixando sugar por ele, enquanto tenta descobrir o paradeiro da amiga. Acontece que ela sempre foi uma pessoa cheia de segredos e quanto mais Stephanie cava vida adentro de Emily, mais ela vai sendo tragada por ondas que se mostram muito diferente de todo o glamour imaginado de outrora.
Muito bem dosado em seu passeio pelo humor, crime e drama, Um Pequeno Favor pode agradar tanto pelos seus gêneros cinematográficos quanto pela reflexão que Paul Feig provoca a partir de seus personagens.
– O Tempo Não Espera Por Ninguém (God Don’t Make the Laws), de 2011, dirigido por David Sabbath
A pífia nota presente no IMDb acerca deste filme pode sugerir a falta de sentido em uma busca sem sentido por muito sentido nessa obra. Isso porque David Sabbath nos faz adentrar um universo utópico/distópico, mas sem grandiosidade. Traz em elementos tradicionais, cotidianos e ordinários a sua crítica. Rockwell é uma cidade “perfeita”, isto é, lá o tempo não se move, as pessoas não sofrem, nada sai do lugar. É como se repetisse o mesmo dia bom direto. No entanto, isso ocorreu após um desastre na cidade; e a tentativa de se evitar momentos como aquele fez com que a cidade permanecesse assim. A permanência desse estado, porém, depende da permanência de tudo ali. De modo que nada de novo pode chacoalhar o modelo irretocável e tedioso do local.
Quando um viajante de fora chega, com um passado pouco convidativo, sua mente crítica e em busca de mudanças começa a mexer com a estrutura da região. Símbolos proibidos, como uma bola de basquete em um lugar que só se joga futebol americano, são caçados; bem como todo aquele que sugira algo de diferente, de novo, por aquelas paragens. E assim, o viajante vai fazendo o tempo querer voltar a visitar o imóvel lugar.
Partindo de elementos simples, David Sabbath promove uma crítica e gera reflexões acerca de assuntos verdadeiros e tocantes da existência.
Leave a Comment