Garimpo Netflix #85: Clássicos!

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Nos últimos meses, tenho entrado numa de assistir novamente grandes clássicos do Cinema. E, para a minha surpresa, a Netflix tem um acervo bem decente. Portanto, hoje resolvi fazer um negócio diferente. Ao invés de mostrar a vocês 3 obras relativamente recentes e pouco conhecidas, a ideia é apresentar 3 clássicos absoluto do Cinema, de 3 países diferentes, de 3 gêneros diferentes, de 3 décadas diferentes e todos lançados antes mesmo de eu nascer (e olha que isso já tem tempo pra cacete). Não duvido que você, cinéfilo boladão, já tenha ao menos ouvido falar destes filmes, mas acredito que muita gente das gerações mais novas não tenha tido a oportunidade e é pra isso que a gente serve.


– Era uma Vez no Oeste (C’era una volta il West) , de 1968, dirigido por Sergio Leone

A década de 60 ficou marcada pela grande popularidade do gênero Western, por aqui também conhecido como Faroeste e Bangue-Bangue. Muitos eram os grandes cineastas americanos que fizeram clássico atrás de clássico, gente como John Ford e Sam Peckinpah. A Itália, por uma série de razões a respeito da qual já escreveram livros e mais livros, começou a investir pesadamente no que se convencionou chamar Western Spaghetti, em geral fitas baratas e produzidas aos montes, muitas vezes usando atores e equipe americana. Foi assim que apareceu aquele que é, pra mim, o maior diretor do gênero que há: Sergio Leone. E nenhuma de suas obras, ao meu ver, é tão espetacular e virtuosa quanto este Era uma Vez no Oeste.

A trama é de certa forma simples. Três pistoleiros, interpretados com um elã inacreditável pelos lendários Jason Robards, Henry Fonda e Charles Bronson, juntam forças para proteger a lindíssima viúva, vivida por Claudia Cardinale, acossada por um grande barão da ferrovia e por seus jagunços. O que se segue são 2 horas e 45 minutos de cenas de ação que surpreendentemente satisfazem até hoje, atuações sensacionais e a trilha sonora nada menos do que antológica de Enio Morricone, tudo para ilustrar este conto sobre três homens que sabem que, no oeste, suas vidas de nada valem.

Quero deixar uma coisa bem clara aqui. Era uma Vez no Oeste é o melhor faroeste de todos os tempos e ele está disponível na Netflix. Vá assistir!

– A Vida de Brian (Monty Python’s Life of Brian), de 1979, dirigido por Terry Jones

Antes dos Trapalhões, do Casseta e Planeta e da trupe dos irmãos Netto, um outro grupo de mentes geniais abria caminhos no mundo da comédia com aquilo que veio a se tornar a marca do humor inglês. Os seis caras do Monty Python estrearam seu programa na TV em 1969 e, seis anos depois, lançavam seu primeiro filme, o seminal e referenciadíssimo “Monty Python e o Cálice Sagrado” (também disponível na Netflix). Já totalmente estabelecidos e famosíssimos, em 1979 eles lançaram este A Vida de Brian, menos conhecido que o primeiro, mas, em minha opinião, bem melhor, ainda que, confesso, deva estar um tanto datado para quem for assistir hoje em dia.

O humor de esquetes do Monty Python dá lugar a um longa metragem no qual acompanhamos Brian, o malandro que nasceu no estábulo ao lado da manjedoura de Jesus Cristo, e sua jornada como o messias que definitivamente não nasceu para aquilo. Totalmente escrachado, descompromissado com tudo e politicamente incorreto, A Vida de Brian é aquele tipo de filme que jamais teria sido feito hoje.

Se você acha os especiais de Natal do Porta dos Fundos ofensivos e acha ótimo que assim sejam, dê graças a este filme.

– O Barco: Inferno no Mar (Das Boot), de 1981, dirigido por Wolfgang Petersen

https://youtu.be/DtgbbfYK4ww

Antes de migrar para Hollywood e dirigir blockbusters como o clássico da Sessão da Tarde “Inimigo Meu”, “Mar em Fúria” e “Epidemia”, o alemão Wolfgang Petersen conseguiu a façanha de receber seis indicações a Oscar (Direção, Roteiro, Edição, Cinematografia, Som e Efeitos) em um filme produzido fora de Hollywood, todo falado em alemão e, o que é mais impressionante, protagonizado integralmente por nazistas, transformando imediatamente O Barco: Inferno no Mar em um dos maiores clássicos do Cinema alemão de todos os tempos.

Aqui temos a história da tripulação de um submarino alemão mais ou menos ao final da 2ª Guerra, os famigerados U-Boats. Acompanhamos ali a camaradagem da tripulação, a precariedade das condições, a imundície e o total descaso dos superiores com as dezenas de vidas humanas obrigadas a viver em uma lata por meses a fio. Petersen usa todos esses elementos para mostrar os horrores da guerra mesmo quando ela não é travada olhando no olho do seu inimigos.

Com uma dose cavalar de tensão e um esmero técnico e de produção que seguem sem paralelo, O Barco: Inferno no Mar tem ainda um dos finais mais eletrizantes e corajosos da história do Cinema, abrilhantando sobremaneira uma obra que já vinha mostrava qualidade ímpar.

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