Garimpo Disney+ #1
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Depois de um ano disponível em QUASE todos os continentes, o Disney+ chegou às terras latino-americanas e o Brasil já caiu de cabeça no amplo catálogo do serviço de streaming. Sua chegada provocou a consequente retirada de produções da Disney, Pixar, National Geographic e os universos Marvel e Star Wars de outros serviços, mas resultou num acervo incrível repleto de nostalgia e novidades.
Sabemos que dois fatores, dentre inúmeros, fazem da companhia do camundongo mais famoso do mundo essa titã do entretenimento: suas músicas e animações. Nas mais de oito décadas de sua existência, o estúdio veio se consolidando como líder no campo de desenhos animados e era impossível não ver pelo menos uma de suas músicas entre os maiores sucessos de tal ano e, francamente, todos os tempos. São tais aspectos que abordaremos neste garimpo inédito: três filmes sobre lendas, entre elas, um trio de compositores icônicos (infelizmente, apenas um deles está vivo até hoje) e a equipe por trás de algumas das animações mais aclamadas de sua história, além do musical que virou a Broadway de cabeça para baixo. Horas de aula e emoções que valem muito a pena! Partiu!
– The Boys: A História dos Sherman Brothers (The Boys: The Sherman Brothers’ Story), de 2009, dirigido por Gregory V. Sherman e Jeff Sherman
Antes da Amazon Prime lançar seu sucesso sobre vigilantes que lutam contra “super-heróis” abusadores de seus poderes, o titio Valdisnei lançou a carreira de dois rapazes cujos nomes você pode não lembrar, mas cujas músicas com certeza conhece! Se você já se encontrou cantarolando “Somente o Necessário” ou tentando pronunciar “Supercalifragilisticexpialidoso” estando sóbrio ou não, agradeça a genialidade dos irmãos Richard M. Sherman e Robert B, Sherman. Eles, que introduziram gerações de crianças a palavras exóticas (através do ato de “Shermanizar”) e mostraram a beleza das coisas simples da vida, como empinar uma pipa ou simplesmente passar tempo com sua família, têm o lado desconhecido de suas vidas introduzido ao público em The Boys: A História dos Sherman Brothers.
Estaria mentindo se não dissesse que procurava esse documentário desde 2018, mas não o achei em nenhum serviço de streaming, TV a cabo e piratear é crime. Felizmente, encontrei no momento certo. Por 1 hora e 41 minutos, somos apresentados às origens de Dick e Bob e aos bastidores de sua longa jornada até atingirem o pico mais alto de suas carreiras em 1964, quando “Mary Poppins” teve sua estreia mundial e levou 5 Oscars, dois deles apenas para a dupla (por sua trilha sonora e a canção “Chim Chim Cher-ee“). Com os depoimentos de vários nomes marcantes na vida e carreira dos Sherman, alguns até inesperados, viajaremos no tempo para aprender mais sobre os primeiros grandes nomes da música dessa amada companhia e é uma ótima pedida para gerações mais velhas que os introduziram a seus filhos, netos e por aí vai.
– Acordando a Bela Adormecida (Waking Sleeping Beauty, 2009), dirigido por Don Hahn
Don Hahn é outro nome que 95% de vocês, leitores, podem não conhecer, mas ao qual têm muito a agradecer. O produtor foi responsável por financiar três filmes do período de animações Disney largamente considerado o melhor e mais bem-sucedido: a Era do Renascimento, compreendida entre 1989 e 1999, começando com a estreia de “A Pequena Sereia” e encerrando com chave de ouro com o lançamento de “Tarzan”. O longo processo de fuga da Era de Bronze, também conhecida como a Idade das Trevas, é documentado de forma criativa e nostálgica em Acordando a Bela Adormecida.
Em 86 minutos, acompanhamos esse longo e maravilhoso reerguimento e vemos como a fábula de Ariel foi fundamental para retornarem ao status no qual a Disney se encontra até hoje, já que, com o passar dos anos, praticamente todo projeto seguinte foi um estouro, além de ganhar o interesse de grandes nomes da música, como Elton John, Stephen Schwartz e Phil Collins, todos premiados por sua contribuição nessa fase. Se você adora os filmes desse período, “Acordando a Bela Adormecida” é imprescindível!
– Howard – Sons de um Gênio (Howard, 2018), dirigido por Don Hahn
Talvez vocês não acreditem, mas esse era o lançamento do Disney+ pelo qual estava mais animada. Nove anos após lançar o documentário mencionado acima, Don Hahn fez essa belíssima homenagem ao saudoso escritor e letrista Howard Ashman. As últimas três a quatro décadas do cinema, música e teatro não seriam a mesma coisa se não fosse por sua contribuição, afinal, como podem ver no espetacular “Howard – Sons de um Gênio”, suas ideias em clássicos como “A Pequena Sereia” e “A Bela e a Fera” foram fatores fundamentais para tirar o estúdio da fossa em que se encontrava por quase vinte anos. Foi na Era do Renascimento que Howard desenvolveu três de seus maiores projetos para o cinema, mas devido à chegada de uma epidemia mortal que, no final das contas, tomou sua vida, não chegou a ver todos se tornarem realidade.
Por que lançar este documentário dois anos depois de sua estreia no Festival de Cinema de Tribeca? E por que lançá-lo como conteúdo original? Porque além de celebrar a vida e carreira de um dos maiores nomes do estúdio e da música como um todo, 2020 seria o ano em que Howard Ashman completaria 70 anos de idade. Além disso, o filme termina com uma série de mini-clipes de seus trabalhos incluindo um do qual ele não chegou a participar ativamente por conta de sua morte precoce, “Aladdin”, e seu remake, lançado um ano depois de sua estreia original. Howard – Sons de um Gênio é um dos filmes mais emocionantes que vi este ano e é uma linda forma de agradecê-lo não só por sua incrível contribuição, como por ter feito a infância de uma geração inteira e as gerações seguintes.
– Hamilton (2020), dirigido por Thomas Kail
6 de agosto de 2015. O dia em que um certo musical estreou na Broadway e ela nunca mais foi a mesma. Baseado na história real de Alexander Hamilton, o fundador esquecido dos Estados Unidos, “Hamilton” é uma das obras de mais sucesso da história da região e o magnum opus do compositor e autor Lin-Manuel Miranda, que também interpreta o personagem titular. Seguindo uma estrutura semelhante a de “Os Miseráveis”, onde não há dialogo entre os números (a não ser dentro deles), o musical mistura elementos de hip-hop, soul, R&B, pop e teatro musical tradicional nessa aula de história de 2 horas e 40 minutos filmada um ano após sua estreia e no mês que levou o Prêmio Pulitzer de Teatro e varreu os Tony Awards (Oscar do teatro), levando 11 prêmios de suas 16 indicações. Além disso, estudos mostram que as notas de história dos Estados Unidos de vários alunos aumentaram por serem expostos ao musical.
Tive a sorte de vê-lo ao vivo, com elenco diferente, no meu aniversário antes de toda a pandemia começar. Ver a filmagem com TODO O ELENCO ORIGINAL E PREMIADO me faz lembrar do quanto que teatro faz falta nessas horas. Essa arte tão linda não poderá atrair um público fisicamente até maio de 2021, mas pelo menos temos a gravação deste brilhante musical. Direção impecável, coreografias absurdas, atuações incríveis, roteiro genial e sacadas brilhantes dentro dele. Finalmente, não poderia deixar de destacar a trilha sonora espetacular de Lin-Manuel Miranda, sem dúvida, um dos maiores gênios da atualidade. Todas brilham individualmente e em conjunto e tenho certeza que você vai terminar o espetáculo tentando cantar pelo menos três músicas. Escrevo isso enquanto uso meu casaco do musical e escuto o álbum, olhando para o roteiro e livro de partituras localizados na minha escrivaninha, o que demonstra o que acontece quando você é sugado profundamente pelo fenômeno conhecido como Hamilton. Venha se apaixonar por este sucesso!
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