Garimpo Prime Video #14: Ódio e Obsessão

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.

“Há uma tênue linha entre o amor e o ódio” reza o ditado. A obsessão, inclusive, permeia essa tênue linha que balança insistente em meio a relação de duas pessoas. O Garimpo Amazon Prime de hoje mergulha fundo em três histórias que têm em sua essência o ódio e a obsessão travestidos de amor e paixão.

Vindos da Inglaterra, Austrália e Estados Unidos, sendo este com um toque muito forte indiano (apesar de todo passado na América), de maneiras diferentes e com gêneros que se assemelham, as três obras caminham por terrenos diversos para tratar de sentimentos muito similares.

Suspense e drama se mesclam em firmes jornadas que vão do Céu ao Inferno, do amor ao ódio.

– A Vítima Perfeita (In Her Skin), de 2009, dirigido por Simone North

Até que ponto a admiração pode distorcer por completo sentimentos aparentemente puros e bonitos? Neste conto de Simone North, entramos na família Barber ao acompanhar o drama dos pais de uma menina de 15 anos que não voltara para casa. Em busca da filha desaparecida, os Barbers (em grandes atuações de Guy Pearce e Miranda Otto) vão até o limite de suas forças para encontrar o que de mais precioso eles têm.

Em paralelo, somos apresentados aos fatos que levaram ao desaparecimento dela. Se antes fomos levados a uma jornada de amor incondicional de pais por filhos, aqui seremos engolidos pelos sentimentos mais obscuros que um ser humano pode guardar, capazes de destruir os sonhos mais simples de alguém.

Baseado em fatos reais, A Vítima Perfeita chacoalha o espírito ingênuo de qualquer um.

– Precisamos Falar Sobre Kevin (We Need to Talk About Kevin), de 2011, dirigido por Lynne Ramsay

Se no título anterior falamos de amor incondicional entre pais e filhos, aqui temos a plena noção de que todo amor terreno é construído. Disso temos plena certeza ao acompanharmos a história de Eva Khatchadourian (pela sempre ótima Tilda Swinton) em seu processo de se tornar mãe. A maternidade impõe limites emocionais e psicológicos a ela, que vai sucumbindo enquanto faz de tudo para criar aquele inocente e indefeso ser. Mas à medida em que a criança, Kevin, vai crescendo, ele vai se mostrando algo bem diferente das qualidades anteriormente pontuadas.

Se a provável falta de amor ou a estranheza de sentimentos levaram a uma possível frieza na relação dos dois, nunca saberemos. Mas aqui vemos se consolidar, à nossa frente, sentimentos bem opostos aos que vêm à mente quando pensamos em família.

Estranhos em uma terra estranha, ambos terão formas completamente diferentes de lidar com seus próprios sentimentos.

– Mau-olhado (Evil Eye), de 2020, dirigido por Elan Dassani & Rajeev Dassani

Mais um título da série de filmes BlumHouse presentes na Amazon, este é a obra americana toda feita por indianos. Aqui, no qual o drama vai flertando cada vez mais próximo com o suspense, temos a história de uma mãe superprotetora em relação a sua filha Pallavi (por Sunita Mani). Mas tão protetora que chega a sufocar a menina. No entanto, a superstição da matrona é a justificativa para esta forma de agir. Segundo ela, um ex-namorado abusivo, antes de perder a vida, havia lançado um karma sobre sua família. Agora, com Pallavi na idade de iniciar relacionamentos, a mãe se vê prestes a reencontrar isto que a deve perseguir.

Tentando evitar que o novo namorado fortaleça seus laços com a filha, a mãe faz de tudo para impedir os planos do casal, ao assumir que ele é a reencarnação de seu ex-namorado abusivo. Entre ilusões, superstições, amor, ódio e obsessão, esse triângulo de personagens passeia por cada um desses sentimentos, fazendo-os se confundirem ao atravessarem limites nada bem definidos.

Um suspense dramático que fala mais em seus sentimentos do que nas alegorias que sugere.