Crítica: Todos os Meus Amigos Estão Mortos (Wszyscy moi przyjaciele nie zyja)

Eu conheço muito pouco da Polônia. Sei que eles gostam de comer uma espécie de ravioli esquisito chamado Pierogi dentro de uma sopa, sei que de lá veio a franquia de livros, jogos e séries “The Witcher“, que a vodka polonesa é das melhores do mundo, que as mulheres polonesas são lindas e que a galera não tem lá muito cuidado com os dentes.

Foi com essa riqueza absurda de conhecimento que me sentei para assistir a esse Todos os Meus Amigos Estão Mortos, mais um dos muitos títulos poloneses que chegam às nossas terras com o selo de original Netflix. Contudo, não fosse o fato de que os personagens estavam falando polonês, eu não teria tido dúvidas de que estava assistindo a algum filme americano sobre jovens de classe média fazendo merda.

Todos os elementos desse tipo de filme estão aqui. Atores lindos, situações extremamente forçadas, mulheres gostosas anormalmente sexualizadas, personagens absurdamente caricatos, joguinhos de beer pong (se você não sabe do que se trata, não perca seu tempo), entregador de pizza e muito sexo, descrição essa que, acabo de perceber, pode até ser entendida com a sinopse do filme.

A premissa é simples. No dia 1º de janeiro, dois detetives, numa dinâmica também americanizada, chegam a uma casa (gigante, daquelas que só existem nos EUA mesmo) porque a festa de ano novo da noite anterior matara dezenas de pessoas naquele local. Os dois então começam a olhar os corpos e aí somos transportados ao começo da festa, com o filme praticamente todo se passando em seu desenrolar e na tentativa de explicar a série de eventos absurda que precisou ocorrer para que aquilo tudo acontecesse.

Temos aqui uma comédia violenta, um terrir por assim dizer. A realização é competente, a trilha sonora é muito boa (ainda que composta quase que exclusivamente de (excelentes) músicas americanas), o elenco funciona bem dentro dos estereótipos que o diretor, roteirista e editor Jan Belcl quis eternizar no filme e há uma cena estética e tecnicamente bem interessante ao final do longa. Portanto, os méritos técnicos da obra não podem ser negados. O que mata aqui mesmo são o roteiro e as escolhas do diretor em seguir por um caminho de clichê e tributo que flerta o tempo todo com o pastiche e imitação.

Como já disse, a impressão é a de que é um filme americano genérico daqueles em que uma festa de faculdade está rolando e então um monte de maluquice começa a acontecer. A única diferença aqui é que as maluquices que acontecem são na Polônia, então temos uma profusão maior de gente pelada e mortes violentíssimas acontecendo a todo tempo, sendo que estas últimas foram escritas, em sua maioria, de uma forma completamente inverossímil. Outro grande problema é que esta é uma comédia que mal faz o espectador rir e, quando faz, é só aquela risadinha frouxa que a gente solta quando está sozinho e dá um peido particularmente fedorento.

De todo modo, Todos os Meus Amigos Estão Mortos consegue cumprir com alguma competência sua proposta de entreter. Teria sido legal, entretanto, que o fizesse com um pouquinho mais de originalidade.

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