Garimpo Amazon Prime Video #15

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


Após o garimpo altamente segmentado da semana passada com os fabulosos k-doramas, essa semana a intenção é trazer a vocês três produções bem diferentes entre si. Fuçando aqui no catálogo do Prime Video, eu me deparei com uma série espetacular, clássica e que segue valendo cada minuto de seu tempo, uma comédia romântica recente daquele tipo que agrada todo mundo e um dos melhores filmes independentes originais da Amazon.

Sem maiores delongas, vamos a eles!


– Battlestar Galactica, de 2004 – 2009, criada por Glen A. Larson e Ronald D. Moore

Em 1978 estreava a série Battlestar Galactica (ou BSG) nas televisões americanas, uma série de aventura espacial que claramente vinha na esteira dos grandes sucessos do gênero da época como “Jornada nas Estrelas” e “Guerra nas Estrelas”. A série foi um estrondoso sucesso de crítica e rapidamente ganhou um séquito de fãs ardorosos, aquele tipo de nerd clássico de óculos fundo de garrafa e que gosta de discutir o sexo dos Asari (quem pegou essa referência vai entender exatamente do que estou falando). Mas, sendo uma série muito cara e dando menos audiência do que uma sitcom água com açúcar estrelada por Robin Williams (Mork & Mindy), a BSG original foi cancelada.

Tratava-se de uma série com uma mitologia comparável a de Star Trek, mas que infelizmente não teve o tempo que precisaria para mostrar tudo a que veio. Isso até o começo dos anos 2000, quando então um grupo de pessoas iluminadas se juntou e rebootou BSG, criando aquela que é, sem sombra de dúvida, a melhor série de ficção científica já feita. Temos aqui conceitos de hard sci fi convivendo com intriga política, cenas de ação de tirar o fôlego, diálogos excepcionais e atuações nada menos do que espetaculares, com absoluto destaque para o austero comandante Adama vivido pelo sempre ótimo Edward James Olmos.

Há, sim, uma queda de qualidade com o tempo, com as suas primeiras temporadas sendo coisas sublimes, mas de todo modo BSG, mesmo quando está ruim, é muito boa. Trata-se de uma obra absolutamente obrigatória para qualquer fã que se preze de ficção científica.


– Afunde o Navio (Blow the Man Down), de 2019, dirigido por Bridget Savage Cole e Danielle Krudy

Passado inteiramente em uma cidadezinha pesqueira na costa do Maine, EUA, durante o inverno, Blow the Man Down é a história de duas irmãs que perdem sua mãe, quando então uma delas, na noite do velório, faz uma determinada merda que vai (será?) mudar a vida de todas para sempre, em especial porque o tal acontecimento faz com que as duas acabem descobrindo vários segredos do lugarejo onde moram.

É refrescante ver um filme claramente independente feito com tanto carinho, sem aquele monte de personagem esquisito e musiquinhas tocadas em violão com algum americano metido a João Gilberto cantando, e passado em algum lugar que não uma cidade descolada como San Francisco ou coisa que o valha. É um filme sobre pessoas comuns que passam por uma situação incomum, pessoas como eu e você, sobre uma comunidade e sobre como ninguém é exatamente o que a gente acha que é. Isso tudo entremeado com imagens absolutamente espetaculares da gelidez do Maine, numa fotografia acertadíssima, uma direção de atores bem competente e com várias cenas aparentemente desnecessárias de pescadores cantando velhas canções do mar, mas que desnecessárias nada têm.

– Casal Improvável (Long Shot), de 2019, dirigido por Jonathan Levine

Vamos terminar com essa que é a melhor comédia romântica que vi nos últimos tempos. Em Casal Improvável (um nome bem ridículo e que entrega a trama do filme), Seth Rogen é Fred Flarsky, um jornalista maconheiro (tal qual todos os seus personagens) gente como a gente que, quando jovem, teve como babá a mulher que é hoje secretária de defesa dos EUA e potencial candidata à presidência, Charlotte Field, interpretada com o brilho e exuberância de sempre por Charlize Theron. Como todo bom moleque punheteiro de 11 anos, Fred evidentemente era apaixonado pela babá gostosa alguns anos mais velha. Anos depois, os dois se encontram, Charlotte está precisando de um redator e Flarsky está desempregado justamente por ser um jornalista de uma integridade que chega até a ser infantil. Pronto, o tal casal improvável está montado.

É nessa dinâmica de mulher mais velha e poderosa que se enamora de homem mais novo e esquisito que o filme se apoia, assim como no carisma e talento desses dois monstros da Hollywood de hoje em dia. Casal Improvável é uma comédia romântica que consegue, no tom certo, tocar e divertir na mesma medida, além de até mesmo convidar a uma certa reflexão por vezes. Entretenimento da melhor qualidade.

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