Garimpo Netflix #91: Séries
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
O Garimpo de hoje é uma coletânea de séries. No entanto, há algumas particularidades nos títulos que hoje serão apresentados aos nossos leitores. A primeira delas é que nenhum deles tem continuação, ou seja, a temporada é única. A segunda particularidade é que todas são séries sul-coreanas, mais conhecidas como “K-Doramas”. E, portanto, seguem um mesmo padrão: 16 capítulos de cerca de uma hora cada.
Para quem ainda não conhece este tipo de produção, os “Doramas” geralmente têm uma história inocente de romance em meio a uma narrativa, na maior parte das vezes, nada pueril ou romantizada. A atração afetiva de seus protagonistas não reduz todo o enredo a um mero romance. Na verdade, em muitos casos, eles nem ficam juntos. Devemos lembrar que são obras sul-coreanas e o gosto amargo de seus contos é algo sempre presente.
Objetivando, portanto, inseri-lo neste universo de “K-Doramas” (porque quem já faz parte dele certamente já viu cada uma das indicações aqui sugeridas), trouxemos diferentes gêneros de séries: uma de fantasia, que mexe com mundos paralelos e viagem no tempo; uma de drama super tocante; e outra de ação, com poderosas cenas de lutas.
Aproveitem sem preconceito. Lembrem-se que a Coréia do Sul passou o rodo no Oscar, no Puskas (com o golaço de Son Heung-Min) e tem ganhado cada vez mais expressão no streaming, que já anunciou uma série de novos títulos nesse formato.
– O Rei Eterno (The King: Youngwonui Gunjoo), de 2020, dirigido por Baek Sang-Hoon
A grande roteirista Kim Eun-sook (mais conhecida pelo seu brilhante dorama “Goblin” ou “SSeulsseulhago Chalranhashin: Dokkaebi”, bem como o excelente “Descendentes do Sol” e “Herdeiros” – este também presente no acervo da Netflix) traz um mundo fantasioso de universos paralelos: somos apresentados ao Reino da Coréia, liderado por Lee Gon (por aquele que tira baforadas das mulheres, Lee Min-Ho – muito embora, Ji Chang-Wook seja mais bonito), que luta contra um familiar traidor vivendo nas sombras de seu domínio.
Ambos, porém, começam a travar um poderoso conflito quando descobrem um portal que os leva para a República da Coréia do Sul, como conhecemos hoje. Idas e vindas de lá para cá, alterando o tempo e sugerindo caminhadas entre passado e futuro, vão aumentando a tensão entre os familiares reais, que guardam intenções bem distintas na busca pelo poder. Em meio a isso – o romance que não podia faltar, como citamos na introdução – Lee Gon se apaixona por uma sul-coreana (ou seja, uma mulher do outro universo, que não o seu original). Tentando defender seu reino e sua amada, em outro universo, Lee Gon desafiará o conceito de tempo e espaço para alcançar seus objetivos.
Sensibilidade, mistério e fantasia se mesclam de uma forma tão harmônica que Rei Eterno agrada – e muito – seu espectador em mais uma realização envolvente de Kim Eun-sook.
– Tudo Bem Não Ser Normal (Saikojiman Gwaenchanha), de 2020, dirigido por Park Shin Woo
Essa história conta a vida de dois irmãos, sendo Moon Sang Tae (em uma atuação emocionante de Oh Jeong-se) um autista e o outro, Moon Gang Tae (em bela atuação de Kim Soo-hyun, em seu primeiro trabalho após serviço obrigatório no Exército Coreano) sem necessidades especiais, mas que trabalha como cuidador em um hospital psiquiátrico. Desde pequeno, Gang Tae, o mais novo, cuida de seu irmão após perder a mãe. Inclusive, a progenitora sempre deixou claro a Gang Tae que só o concebeu para que pudesse cuidar de Sang Tae, o mais velho com condições específicas. Temos também nessa história Go Moon Young (em bom momento por Seo Ye-ji), uma escritora de livros infantis que, logo no começo da história percebemo, sofrer de algum distúrbio psiquiátrico. Aos poucos, a vida dos três se entrelaça e forma uma belíssima e emocionante narrativa sobre aceitação.
Mais voltado para o drama, não deixando de conter as particularidades comumente encontradas em doramas, Tudo Bem Não Ser Normal é uma linda história contada com delicadeza, simpatia e muito bem realizada. Tratando de assuntos como relações familiares, pessoais, psiquiátricas e reconstrução emocional, a obra nos leva a refletir sobre a busca para nos livrarmos dos nossos medos.
– The K2, de 2016, dirigido por Kwak Jung-Hwan
Política, ação, drama e romance. Tudo a um só tempo é bem desenvolvido nesse dorama que foca mais na ação. Kim Je Ha (pelo estonteante Ji Chang-Wook – olha ele aqui!) é um soldado fugitivo contratado para ser guarda-costas da filha bastarda de um candidato à presidência da Coréia do Sul. Com sua ética própria e muito bem lapidada, Je Ha enfrenta a corrupção e os segredos sombrios de uma família que faz tudo pelo poder, até mesmo agir contra seus próprios familiares (quem vive no Brasil não se assusta nem um pouco).
Ao longo de seu trabalho, Je Ha vai se envolvendo emocionalmente com aquela a quem protege em sua tarefa. Ao mesmo tempo em que desenvolve um tipo de afeto para com a madrasta e algoz da protagonista “bastarda”. Diante disso, o grande soldado se vê cada vez mais isolado e tendo que batalhar fortemente com forças especiais e mais elevadas na pirâmide de poder daquela sociedade.
Muita ação, com grandes cenas de lutas, conflitos bem atuais e reais e um romance para acalmar tanta tensão, The K2 é a típica série que agrada a muitos opostos, por saber integrar gêneros tão distintos entre si.
escrito por Leilane Vettori & Rene Vettori
(ele a trouxe para os filmes coreanos; ela o trouxe para os doramas coreanos)
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