Garimpo Netflix #95

O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.


No Garimpo Netflix de hoje eu resolvi trazer pra vocês três obras completamente diferentes em orçamento, produção, narrativa, gênero, enfim, em tudo. Temos uma grande produção americana estrelada por um dos maiores astros de Hollywood que eu sinceramente não entendi por que foi criticada e teve pouca repercussão, um filme nacional bem sui generis no qual quase ninguém fala português e uma série inglesa que apresentou ao mundo uma mulher que é, na minha opinião, a mais brilhante realizadora daquele país no momento.

Então, sem maiores delongas, vamos a elas.


– Cidade Pássaro, de 2020, dirigido por Matias Mariani

Valendo-se de São Paulo como um dos grandes personagens da obra, Matias Mariani traz um conto enorme e diminuto ao mesmo tempo. Aqui acompanhamos a saga de Amadi (O.C. Ukeje), um nigeriano que chega a São Paulo para procurar seu irmão, o misterioso e enrolado Ikenna (Chukwudi Iwuji), que viera ao Brasil anos antes para se tornar professor universitário, mas que havia sumido repentinamente. A procura de Amadi por seu irmão rapidamente se torna uma busca por si mesmo, por sua identidade enquanto ser humano, enquanto irmão, enquanto filho e enquanto membro de sua comunidade.

Mariani filma uma São Paulo que a gente quase não vê retratada, a São Paulo dos refugiados, a São Paulo grande metrópole mundial que tudo atrai, a São Paulo do imigrante, a São Paulo na qual tudo e todos podem facilmente se perder. Misturando comentário social com uma ficção científica daquela hard pra caralho, Cidade Pássaro é, em minha opinião, um dos melhores filmes lançados em 2020, deixando claro, contudo, que é um filme que exige ser assistido com toda a sua atenção.

– Crashing, de 2016, 1 temporada, criada por Phoebe Waller-Bridge

Eu fui conhecer essa monstra em forma de mente criativa chamada Phoebe Waller-Bridge ao assistir “Fleabag” (que eu mesmo indiquei no nosso Garimpo Amazon Prime Video: Especial Corona), aquela que é, ao lado de “Atlanta”, uma das duas melhores séries que vi nos últimos anos. Naturalmente, fui buscar tudo o mais que essa moçoila fez e acabei me deparando com Crashing, uma espécie de sitcom inglesa em que um grupo de ingleses de seus vinte e muitos anos, a bem da verdade, faz uma grilagem braba de um hospital desativado que transformaram numa espécie de república. Só que isso é, ao que parece, legal na Inglaterra.

Aqui, ainda refinando seu estilo de comédia, Waller-Bridge nos dá uma comédia inglesa com um toque das séries cômicas americanas (mas sem a claque) na qual as piadas vão se amontoando ao mesmo tempo que os personagens discutem, com surpreendente profundidade, relacionamentos, mercado de trabalho, política econômica e invariavelmente sexo, muito sexo. É uma comédia leve, engraçada, mais profunda do que se imagina e que vale demais o seu tempo.

– Desejo de Matar (Death Wish), de 2018, dirigido por Eli Roth

Quando li que iam fazer um remake da franquia Desejo de Matar – imortalizada pelo Charles Bronson e famosa no Brasil de tal forma que é improvável que você que tem entre 30 e 50 anos não conheça alguém chamado ou apelidado de Bronson -, eu caguei fortemente, muito porque cagar é a minha reação normal pra qualquer remake. Dito isso, o fato de ser dirigido pelo melhor diretor ruim do cinema atual (Eli Roth) e estrelado por um grande ídolo (Bruce Willis) me fez cagar um pouco menos, mas então o filme saiu, as críticas foram horríveis e ele caiu no esquecimento.

Mesmo assim, resolvi ver isso um dia e, puta que o pariu, que filme divertido. Eu juro que não entendo qual foi o problema que a crítica teve com esse filme, talvez uma questão de expectativa, talvez sejam viúvas do Charles Bronson, sei lá. O que eu sei é que Bruce Willis é um médico que vê sua família assassinada após uma invasão em sua casa. Aí ele resolve pegar uma arma e matar os caras que fizeram isso com boas cenas de ação e a violência gratuita que é marca do direto. Tem algo mais clássico e bonito que isso? Pois é.

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