Garimpo Netflix #96
O Garimpo é um quadro do MetaFictions no qual indicamos toda semana 3 bons títulos disponíveis nas maiores plataformas de streaming. Clique aqui para conferir os anteriores.
Primeiro de abril, dia da mentira. Em meio ao caos político e sanitário no qual se encontra o Brasil, as notícias que chegam parecem corroborar o dia de hoje. Mais do que nunca, o brasileiro busca alívio dessa realidade distópica no entretenimento audiovisual. BBB, novelas, séries e filmes passaram a ser essenciais para manter a sanidade e a esperança que um dia possamos voltar ao normal (que já não é lá muito bom). Dito isso, nosso Garimpo Netflix da semana tenta dar uma moral na tarefa de ocupar seu tempo sem pensar no mundo colapsando a sua volta.
Apresentaremos hoje 3 longas bem distintos, mas igualmente poderosos em transmitir emoções que vinculam as pessoas umas às outras. Sem mais delongas, vamos nessa.
– Menashe, de 2017, dirigido por Joshua Z Weinstein
Sendo a cara das produções originais da Netflix de melhor entrada com a crítica, Menashe é um filme de baixo orçamento, com atores desconhecidos e com uma história emotiva excepcionalmente bem contada. Acompanhamos Menashe Lustig interpretando ele mesmo, um viúvo que tenta manter um vínculo com seu filho que está sendo criado por seu cunhado. Sendo uma vitrine de uma comunidade judaica ultra-ortodoxa, NY é palco de relações direcionadas pelo judaísmo e suas tradições, mostrando nosso protagonista numa bela história de paternidade, amizade e religiosidade.
Sendo um longa do renomado estúdio A24 – que está no Oscar com um dos grandes favoritos, “Minari” -, Menashe é uma agradável surpresa no catálogo da Netflix.
– Byzantium: Uma Vida Eterna (Byzantium), de 2012, dirigido por Neil Jordan
As histórias de vampiros já foram contadas e recontadas inúmeras vezes. Até fizemos nosso Garimpo Netflix: Vampiros! e, confesso eu, sempre quis fazer um top 10 na temática. Dito isso, Byzantium certamente seria um forte pretendente nessa lista por contar com diversas qualidades. A primeira e talvez a mais forte, é o foco na relação entre duas mulheres, que, historicamente, sempre foram oprimidas e perseguidas por uma gama ampla de motivos. Vale ressaltar que essa dupla é interpretada nada menos por duas talentosíssimas atrizes: Saoirse Ronan, indicada ao Oscar 4 vezes nos últimos 13 anos, e Gemma Arterton. Acompanhamos as duas numa jornada de sobrevivência sem um foco maior e os luxos que estamos acostumados em narrativas clássicas de vampiros britânicos lordes que vivem em castelos. Sem querer spoilar como o lore vampiresco é explorado aqui, fica um misto de elementos clássicos e outros com maior liberdade artística permutando e entregando uma experiência bem sóbria e sombria. Um outro elemento forte é a direção de arte e a fotografia, que entregam uma experiência macabra e fria, tornando todo o longa uma experiência que impregna sua percepção de forma a te deixar encardido, sujo.
Byzantium merece a sua atenção.
– A Voz do Silêncio (Koe no Katachi), de 2016, dirigido por Naoko Yamada
A Voz do Silêncio é uma obra feita para te dar um tapa na cara. Nela acompanhamos a relação de um menino e uma menina ao longo de alguns anos. Shouko (Hayami Saori) é uma menina surda que chega a uma nova escola e Shouya (Irino Miyu) é o menino que lidera a prática do bullying com ela em sua turma. Trabalhando questões sobre inclusão e suicídio, vemos como pequenos atos nos marcam para a vida, tanto na culpa e remorso, como na mágoa e ressentimento. Embora a diretora Naoko Yamada não seja muito reconhecida no meio (ainda), a Kyoto Animation deixa seu pedigree na obra, assim como deixou em outro recém lançamento da Netflix, “Violet Evergarden“.
Essa é um filme de extrema delicadeza e que merece ser apreciado.
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